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Diminuição importante da quantidade de alimentos ingeridos em relação às necessidades do corpo, causando peso abaixo do esperado para idade, sexo e período do desenvolvimento;
Medo intenso de ganhar peso ou de engordar ou presença de comportamentos com o objetivo de perder ou controlar o peso, mesmo estando com peso significativamente baixo;
Sentir o próprio peso ou forma corporal de forma alterada, deixando que eles mudem negativamente a forma como a pessoa se avalia. Também pode haver uma incapacidade da pessoa reconhecer a gravidade do seu estado de saúde atual.
O diagnóstico de AN só é feito quando todas essas características estão juntas por um determinado período de tempo. Além disso, elas necessariamente devem estar causando prejuízos físicos, psicológicos e/ou sociais para serem classificadas como uma doença.
A AN altera os pensamentos, os sentimentos, os comportamentos e as relações familiares e sociais do jovem, fazendo com que ele acredite totalmente nela e a obedeça na maior parte do tempo.
A AN provoca ideias alteradas, intensas e fixas, que ficam torturando o paciente o tempo todo. Elas são ainda mais frequentes e fortes na hora ou em seguida das refeições ou quando vai trocar de roupa ou tomar banho. Essas ideias são sobre:
Esses pensamentos são considerados complexos para que crianças ou adolescentes mais jovens tenham durante um quadro de AN. Por causa de sua imaturidade cerebral, eles referem problemas físicos, como dor na barriga, enjoos com determinados alimentos, sensação de estufamento, perda de apetite ou dificuldade para engolir, para justificarem todas as mudanças que estão fazendo na sua rotina e alimentação. Mas não se enganem! As crianças e os adolescentes jovens costumam fazer restrições alimentares muito graves, colocando sua vida em risco!
Todos os pensamentos alterados descritos antes fazem com que esse jovem passe a sentir muito medo, tristeza, irritabilidade, ansiedade, desânimo e culpa. Os familiares têm a impressão que ele está vivendo “no automático”, robotizado, sem mais alegria, prazer e espontaneidade. Momentos de descontrole emocional também ocorrem, quando ele grita, briga e ofende os familiares de forma exagerada para a situação. Isso também acontece quando alguém tenta ajudá-lo com a comida. Os pais reconhecem todas essas mudanças e têm a sensação de que seu filho se transformou numa outra pessoa!
As ideias alteradas sobre peso, alimentos, refeições e corpo causam tanto sofrimento que levam o paciente a mudar seus comportamentos com o objetivo de perder ou controlar o seu peso. Ele tem a sensação de que, se obedecer essas ideias, finalmente terá paz.
As mudanças mais frequentes de comportamento alimentar são:
Além dos comportamentos alimentares alterados descritos acima, existem também os comportamentos compensatórios. Eles têm o objetivo de emagrecer ou controlar o peso, como se o paciente precisasse “pagar” ou “gastar” mesmo o pouco que come. Os mais comuns são:
Existem outros comportamentos frequentes nos pacientes com AN:
Fique atento nesses detalhes na rotina do seu filho. As muitas tarefas diárias e a pressa típicas da vida atual podem estar fazendo essas mudanças passarem desapercebidas por você!
A distorção da imagem corporal e a insatisfação corporal
A AN causa outro sintoma, chamado de distorção da imagem corporal. A distorção da imagem corporal é a alteração da visão, do tato e do pensamento do jovem com AN sobre o seu corpo. Ou seja, o paciente com AN se vê bem maior do que as outras pessoas o veem, quando ele está na frente do espelho ou quando ele se olha. Esse paciente, sente, quando se toca, que partes de seu corpo estão “grandes ou nojentas” de “tanta gordura nelas”. Também pensa que está gordo, como já falamos aqui. Ás vezes, seu filho até pode dizer que se acha magro, quando, na verdade, está MUITO magro ou desnutrido.
A insatisfação corporal também é muito frequente e intensa nesses pacientes. Ela se caracteriza por uma sensação de desagrado ou desprazer com partes ou características do próprio corpo. Por exemplo, achar-se feio, barrigudo, gordo ou desproporcional. O hábito de comparar-se frequentemente com as outras pessoas piora ainda mais a sensação de insatisfação corporal. Esses pacientes constantemente acabam encontrando sucessivos “defeitos físicos” que os fazem sofrer e viram o centro de suas preocupações e medos.
Todas as alterações de pensamentos, sentimentos e comportamentos, bem como a distorção da imagem corporal e a insatisfação corporal tornam muito difícil para o paciente acreditar em qualquer pessoa que diga algo diferente do que a doença fala e mostra. O paciente tem certeza que está gordo e que as pessoas não conseguem entende-lo e deixar com que faça algo para se sentir melhor com o seu corpo! Essa é uma das principais razões pela qual os pais ou responsáveis tem um papel central no tratamento: vocês não estão sofrendo a ação da AN e podem ver a situação.
Importante: a AN não é culpa de ninguém! Assim como ninguém é capaz de causar diabetes, hepatite ou esquizofrenia, ninguém pode causar essa doença. Esse conhecimento é fundamental para que os pais consigam encarar a AN sem culpas e partir para a ação!
Vários estudos mostraram que a AN é causada pela ação conjunta de vários fatores biológicos, psicológicos e sociais. Os fatores biológicos são história familiar de AN ou bulimia nervosa, depressão, ansiedade ou dependência química, e genéticos, que ocorrem no momento da concepção (formação do bebê). Os fatores psicológicos são características de personalidade da pessoa, como rigidez, perfeccionismo e controle que já estão presentes antes da AN. Os fatores sociais incluem a valorização, na nossa cultura, de um corpo magro, que traria saúde, felicidade, sucesso e beleza, e que é muito reforçado pela TV, por revistas e filmes. Existem ainda os fatores precipitantes, ou seja, que fazem a doença começar, como a dieta para viagem da escola ou férias na praia e terminar um namoro. Finalmente, existem os fatores que ajudam a doença a ficar na vida do paciente, como conflitos na escola, falta de apoio familiar e não ter tratamento adequado.
Lembre-se: os pais não podem causar AN!
A AN pode causar problemas em todas as partes do corpo, porque a criança ou adolescente deixa de comer o que é necessário e, então, diminui muito a quantidade de energia fornecida ao corpo. Essa energia seria usada para o crescimento físico, inclusive cerebral, e em todas as atividades diárias. Algumas consequências físicas da AN são ausência de menstruação, pele seca, cabelos e unhas finos e quebradiços, baixa temperatura, palpitações cardíacas, baixa frequência cardíaca, tristeza, cansaço, irritabilidade e insônia. A maioria dos problemas é solucionada com a recuperação de hábitos alimentares saudáveis e do peso. Porém, problemas como infertilidade, ossos fracos e baixa estatura podem se manter após a recuperação. Outra consequência importante e mortal é o ataque cardíaco fulminante.
Atenção: a maioria dos pacientes com AN não apresenta alterações nos exames de sangue ou urina! Ou seja, exames normais não excluem o diagnóstico de AN.
Outro prejuízo significativo dessa doença é o isolamento social e familiar que os pacientes apresentam. Por estarem permanentemente ocupados em obedecer a AN, temerem situações que envolvam comida e terem variações importantes e rápidas do humor, eles acabam se afastando propositalmente das pessoas, inclusive dos pais e irmãos. Chegam a não ter ânimo, energia, suficiente para as interações sociais.
O perigo dos “ganhos” causados pela AN
Infelizmente, para alguns pacientes “os ganhos” com a doença podem parecer maiores do que os prejuízos causados em sua saúde física e emocional. No início da AN, eles até recebem elogios sobre a sua forma física mais magra e pelo seu esforço, já que a nossa sociedade costuma interpretar isso como conquista e vitória. Depois, começam a ser percebidos como pessoas adoentadas e diferentes e passam a receber mais cuidado, afeto e carinho por parte de parentes e amigos.
Ou seja, a AN usa todas as armadilhas para não ser identificada pelos jovens. Como lutar contra isso tudo sozinho?
Lembre-se: a doença não faz parte do paciente, embora possa parecer. Ajudá-lo a perceber a doença como algo diferente dele e prejudicial é parte fundamental do tratamento!
Os pacientes com AN também podem apresentar outros transtornos psiquiátricos que podem ter começado antes ou junto com ela. Os mais comuns são depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade generalizada e fobia social. Eles podem tornar a melhora da AN mais lenta, pois o paciente estará lutando contra “dois monstros” ao mesmo tempo. Por isso, é importante que eles sejam tratados ao mesmo tempo que AN.
Não existe nenhuma palavra ou frase mágica que convença o paciente a não acreditar mais nas ideias da AN e voltar a se alimentar adequadamente. Ele está no controle da AN e precisa que seus pais ou responsáveis cuidem-no e o protejam dessa doença! O primeiro passo é procurar ajuda adequada para essa grande tarefa.
O tratamento idealmente é realizado por uma equipe de profissionais (médicos, psicólogos e nutricionistas) especialistas em transtornos alimentares que usam várias técnicas diferentes simultaneamente para ajudar o paciente e sua família, tais como terapia cognitivo-comportamental, terapia nutricional, terapia psicodinâmica, orientação aos pais e medicações. No Brasil, esse acompanhamento multidisciplinar é mais comumente encontrado em algumas instituições públicas com serviços especializados para tratamento de transtornos alimentares na infância e adolescência. Em outras situações, seja por questões financeiras ou até regionais, o paciente e seus pais contarão com um tipo de profissional especialista, como nutricionista ou psiquiatra. Isso não significa que o tratamento falhará. O profissional especialista deve coordenar o tratamento sozinho ou com os outros colegas, assegurando que estão sendo utilizadas as técnicas necessárias para uma boa evolução e indicando outros especialistas de acordo com a necessidade do paciente e do momento do tratamento.
O tratamento da AN depende, principalmente, do trabalho conjunto da equipe multidisciplinar e dos pais ou responsáveis pelo paciente, que precisam participar ativamente e executar em casa as condutas combinadas. O paciente não vai ajudar muito no início do seu acompanhamento, porque está ainda acreditando na doença. Equipe e pais devem se unir contra a AN, ajudando o paciente a desobedecê-la através da alimentação adequada e evitando comportamentos compensatórios.
Lembre-se: junte-se a equipe e siga os combinados!
Não existe remédio, pílula, específico para a AN. O uso de medicações é indicado, em geral, apenas em duas situações. A primeira, refere-se à existência de um outro transtorno psiquiátrico junto com a AN, como depressão. Assim, o outro transtorno precisa receber a medicação indicada para o seu tratamento específico. A segunda, refere-se à ocorrência de dificuldades além daquelas esperadas para a realimentação, como surtos de violência ou angústia, que podem ser reduzidos com o uso de alguns calmantes um pouco antes das refeições. Essa última situação é bem rara e precisa de muito cuidado, porque alguns calmantes podem deixar o paciente ainda mais agitado.
Lembre-se: o alimento é o principal remédio contra a AN!
Ao longo do tratamento, seu filho passará por diversas fases. Simplificando, as principais fases são:
Como o tratamento da AN é bastante difícil, provavelmente o paciente passará por vários momentos de desespero, de descontrole emocional e de tentativas de desistir de tudo. Ele pode até apresentar comportamentos mais agressivos contra outras pessoas (morder, chutar, bater) ou contra ele mesmo (bater a cabeça na parede, se arranhar, se cortar). Em casos mais intensos, os adolescentes podem até ameaçar de se matar.
O importante é tentar manter a calma e lembrar que o motivo de tanto sofrimento é a AN e que o tratamento é a única forma de ajudar seu filho. Fale sempre aos profissionais que estão cuidando dele e peça orientações.
De forma geral, é importante que o paciente fique acompanhado de responsável sempre, principalmente durante e após as refeições. Evite que ele fique sozinho numa parte da casa, tire as chaves das portas para que ele não se tranque num cômodo. Fique perto dele nessas horas difíceis nem que seja para ficar em silêncio, atento. Ás vezes, tentar conversar nessa situação de descontrole não ajuda. Esses momentos sempre acabam passando. Não permita que, de forma alguma, ele se machuque ou machuque alguém. Depois, tente distraí-lo com atividades que sempre lhe deram prazer.
Em situações em que a desnutrição e as complicações clínicas do paciente são mais intensas, o profissional especialista pode indicar uma internação domiciliar. Seu objetivo é evitar que o jovem precise de uma internação hospitalar. Ela garante que o paciente esteja cuidado pelos responsáveis permanentemente, que fique em repouso em tempo integral para evitar gastos de energia e faça todas as refeições da forma combinada. Outras vantagens da internação domiciliar são:
De uma forma geral, a cura da AN é o paciente não obedecer mais aos seus pensamentos, ao medo de engordar e a distorção da imagem corporal. Aos poucos, ela vai ficando cada vez mais fraca, a ponto de nem aparecer por longos períodos de tempo. Como um aparelho eletrônico, a AN até liga sozinha, mas o paciente e sua família podem desligá-la. Para desligar a NA, basta não lhe obedecer de jeito nenhum! Assim, ela não volta a ganhar força e a atrapalhar a vida do seu filho novamente.
Especificamente, o paciente precisa alcançar os seguintes objetivos para curar da AN:
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