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A BN apresenta-se igual em pessoas do mundo todo e caracteriza-se por:
É necessário que TODAS essas características estejam presentes por um período específico de tempo e causem prejuízos físicos, psicológicos e/ou sociais para que seja feito o diagnóstico de BN.
Em geral, a BN é mais comum em meninas a partir da metade da adolescência, com picos de aparecimento aos 18 anos de idade, podendo ocorrer em indivíduos de todas as classes sócio-econômicas. Entretanto, ela também pode ocorrer em adolescentes mais jovens e adultos, assim como em meninos e homens.
A BN funciona no paciente como um ciclo vicioso complexo (ver figura abaixo) que começa com uma auto-estima muito frágil do paciente, determinando uma valorização excessiva do corpo e do peso e alterações nos seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. Esse ciclo patológico se repete, se fortalece e acaba aprisionando o paciente. Por fim, acontecem os prejuízos físicos, psicológicos, acadêmicos ou profissionais, bem como perdas nas relações familiares e sociais do jovem.
Como a BN faz com que os pacientes tenham ideais extremos sobre peso, comida e corpo, eles acabam sofrendo terrivelmente, quando não seguem completamente suas regras rígidas, como ocorre em momentos que comem para saciar a fome ou tem uma compulsão alimentar. Para aliviar a culpa de ter comido ou exagerado, eles acabam tendo comportamentos, como vômitos, para tentar controlar o peso. Este ciclo todo de é acompanhado de muitos sentimentos, como culpa, desespero, impotência e vergonha. Por isso, os pacientes se esforçam muito para esconder da família e dos amigos o que estão passando e sentindo. Acreditam que as pessoas lhes acusarão, criticarão ou abandonarão, se souberem a verdade.
Além disso, como os pacientes com BN, de uma forma geral, parecem estar evoluindo satisfatoriamente e com alguma autonomia nas relações sociais, na vida acadêmica e até nas relações amorosas, fica ainda mais difícil identificar os problemas que estão acontecendo.
Frequentemente, os pais se sentem enganados e magoados, quando descobrem os sintomas da BN, porque os filhos não contaram, não mostraram as alterações, não pediram ajuda e ainda usaram vários métodos para manter tudo em segredo e escondido deles. Nem os pacientes nem os pais tem culpa disso estar acontecendo. A BN é mesmo a doença do segredo que engana a todos, inclusive o paciente.
Lembre-se: a maioria dos pacientes com BN não fala ou mostra os seus sintomas abertamente!
Na BN, uma baixa auto-estima e sentimentos de insatisfação profunda consigo mesmo fazem com esses pacientes fiquem frágeis e coloquem num ideal de corpo e de peso a solução para que se sintam mais seguros e satisfeitos. Assim, começam as alterações dos pensamentos na BN que tipicamente são intensos, fixos e torturantes. Eles são ainda mais frequentes e fortes na hora ou em seguida das refeições, nas trocas de roupas, durante o banho, nos eventos sociais ou após as compulsões alimentares. Essas ideias são sobre:
Quanto mais jovem o paciente, mais fantasiosas são essas ideias alteradas, não apresentando nenhuma correspondência com os fatos cientificamente evidenciados. Mesmo assim, o paciente tem muita dificuldade de acreditar em pensamentos alternativos e reais. Essa resistência vai diminuindo na medida em que todos os profissionais especialistas e a família fornecem informações semelhantes e com embasamento científico. Além disso, a melhora dos pensamentos com a mudança dos comportamentos ajuda a convencê-los que estavam sendo enganados pela BN.
Os pensamentos alterados descritos antes fazem com que esse paciente passe a se sentir fracassado, incapaz e impotente diante de seu corpo, do seu peso e da sua alimentação, sobretudo quando come algo ou tem compulsões. Sentimentos como irritabilidade, tristeza, medo ansiedade, culpa e desânimo são muito frequente em pacientes com BN, mesmo que aparentemente estejam bem.
Os pensamentos alterados e torturantes da BN sobre peso, alimentos, refeições e corpo causam tanto sofrimento que levam o paciente a mudar seus comportamentos com o objetivo de controlar o seu corpo e o seu peso. Ele tem a sensação de que, se obedecer essas ideias, finalmente ficará satisfeito e feliz.
As mudanças mais frequentes de comportamento alimentar são:
Além dos comportamentos alimentares alterados descritos acima, existem também os comportamentos compensatórios. Eles têm o objetivo de controlar o peso e a forma do corpo, como se o paciente precisasse “pagar” ou “gastar” o que come. Esses comportamentos ficam mais intensos caso o paciente tenha compulsões alimentares. Os mais comuns são:
Além das consequências físicas óbvias de cada comportamento compensatório, eles também desencadeiam alterações químicas no cérebro e no corpo, como aumento ou diminuição de determinadas substâncias, que fazem com que eles fiquem mais fortes, frequentes e difíceis de evitar ou controlar.
Existem outros comportamentos frequentes nos pacientes com BN:
Fique atento a rotina e aos comportamentos de seu filho. O nosso dia-a-dia atarefado e corrido pode ajudar ainda mais a BN a passar desapercebida pela família!
A distorção da imagem corporal é um outro sintoma dos transtornos alimentares e é a alteração da visão, do tato e do pensamento do jovem sobre o seu corpo. Ou seja, o paciente se vê maior do que as outras pessoas o veem, quando ele está na frente do espelho ou quando ele se olha. Esse paciente, sente, quando se toca, que partes de seu corpo estão “grandes ou nojentas” de “tanta gordura nelas”. Também pensa que está gordo ou maior do que “deveria” estar. Na BN, a distorção da imagem corporal é menos intensa que na anorexia nervosa, mas causa muita confusão e sofrimento ao paciente que tentará mudar de qualquer forma a imagem que tem de si mesmo.
A insatisfação corporal com sentimentos negativos e de desconforto direcionados a forma corporal são muito comuns nos pacientes com BN. A insatisfação corporal se caracteriza por uma sensação de desagrado ou desprazer com partes ou características do próprio corpo. Por exemplo, achar-se feio, barrigudo, com coxas grossas, quadril largo, gordo ou desproporcional. O hábito de comparar-se frequentemente com as outras pessoas piora ainda mais essas sensações negativas em relação ao corpo, aumentando os pensamentos distorcidos e a vontade de fazer dieta para “concertar” esse corpo percebido como defeituoso. Esses pacientes constantemente acabam encontrando sucessivos “defeitos físicos” que os fazem sofrer e viram o centro de suas preocupações e medos.
Todas as alterações de pensamentos, sentimentos e comportamentos, bem como a distorção da imagem corporal e a insatisfação corporal tornam muito difícil para o paciente acreditar em qualquer pessoa que diga algo diferente do que a doença fala e mostra. O paciente tem certeza que tem um corpo inadequado, feio, defeituoso que precisa ser transformado para que ele possa se sentir bem e fazer com que as outras pessoas o admirem e gostem dele. Um dos papéis fundamentais dos familiares nessa situação é auxiliar o paciente a identificar o exagero de insatisfação corporal causado pela BN, que seu corpo não é defeituoso ou horrendo e que o seu valor independe da sua forma física!
Vários estudos mostram que a BN é causada pela ação conjunta de diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais. Os fatores biológicos são história familiar de BN ou anorexia nervosa, depressão, ansiedade ou dependência química, e genéticos, que ocorrem no momento da formação do bebê. Os fatores psicológicos são características de personalidade da pessoa, como impulsividade, criticismo (auto-crítica excessiva), rigidez, desvalorização e intensa busca por novidades que já estão presentes antes da BN. Os fatores sociais incluem a associação de um corpo magro e com proporções exatas a confiança, sucesso e felicidade, e que é muito reforçado pelas conversas sociais, pela TV, por revistas e filmes. Existem ainda os fatores precipitantes ou estressores, ou seja, que fazem a doença começar. Na BN, situações que aumentem a sensação de desvalorização e inadequação desses pacientes frente aos outros, como mudanças físicas típicas da puberdade, término de um namoro, briga com uma amiga ou conflitos familiares precipitam a realização de uma dieta alimentar que é o estressor mais frequente dessa doença. É necessário que todos esses fatores ajam em conjunto num determinado momento de estresse para causar essa doença. Ou seja, não basta uma pessoa ser apenas impulsiva para ter BN.
Finalmente, existem os fatores que ajudam a doença a ficar na vida do paciente, como conflitos na escola, falta de apoio familiar, exigência e críticas familiares excessivas e não ter tratamento adequado.
Lembre-se: a BN é uma doença e, portanto, não pode ser causada nem pelos pais nem pelo paciente! Uma doença não é uma escolha do paciente ou da sua família!
Ao contrário do que ocorre na anorexia nervosa, em que a perda de peso chama a atenção das pessoas de que algo muito ruim está acontecendo, os prejuízos causados pela BN podem passar desapercebidos mesmo pelos familiares do paciente. Os prejuízos físicos acontecem aos poucos, aparentemente como eventos isolados.
A grande armadilha da BN é se esconder atrás de uma aparência de normalidade, confundindo até o paciente sobre a gravidade dos sintomas e os riscos de vida que eles representam!
A BN afeta todos os órgãos do corpo, inclusive o cérebro. Desconfie dessa doença, caso seu filho apresente alguns desses problemas:
Outros prejuízos importantes da BN são mudanças frequentes de humor, episódios de intensa irritabilidade, agressões verbais, mentiras frequentes e distanciamento do convívio familiar. Em geral, essas alterações levam os familiares a ficarem cansados e decepcionados, afastando-se do paciente. O resultado é que esse isolamento deixa a doença ainda mais forte e o jovem mais desprotegido dos cuidados familiares.
Se você está desconfiado que seu filho possa ter BN, investigue e cheque os problemas e, se necessário, leve-o a um especialista em transtornos alimentares para uma avaliação detalhada, mesmo que ele já esteja com mais autonomia e “tocando a sua vida”. O papel dos pais de cuidado dos filhos é essencial em qualquer idade!
Como o paciente com BN tem ideias fixas de controle do peso, distorção e insatisfação corporal e a crença de que tudo se resolverá em sua vida e autoestima, se emagrecer, ele fica cego para todos os prejuízos físicos e emocionais que a BN provoca nele e em sua vida. A BN usa todas as armadilhas para não ser identificada pelos jovens. Dessa forma, o paciente tende a desvalorizar os riscos até de vida que está correndo e costuma dar explicações que parecem muito reais e possíveis para seus sintomas, quando é questionado. Se alguém tentar ajudá-lo, ele pode até brigar.
Muitas vezes, o que incomoda muito o paciente com BN são as compulsões, pois elas causam muita culpa e medo de engordar. Assim, ele até concorda em procurar tratamento para eliminá-las. Talvez esse seja um bom ponto de partida para ajudá-lo a buscar atendimento.
Lembre-se: o seu filho está controlado por uma doença que agora está no comando. Auxiliá-lo a perceber a doença como algo diferente dele e prejudicial é parte fundamental do tratamento!
Os pacientes com BN também podem apresentar outros transtornos psiquiátricos que podem ter começado antes ou junto com ela. Os mais comuns são depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de ansiedade generalizada, fobia social e dependência química. Eles podem tornar a melhora da BN mais lenta, pois o paciente estará lutando contra “dois monstros” ao mesmo tempo. Por isso, é importante que eles sejam tratados ao mesmo tempo que a BN.
Não existe nenhuma palavra ou frase mágica que convença o paciente a não acreditar mais nas ideias da BN, a voltar a se alimentar adequadamente e interromper os comportamentos compensatórios. Ele está no controle da BN e precisa que seus pais ou responsáveis ajudem-no a perceber o problema. O primeiro passo é procurar ajuda adequada para essa grande tarefa.
O tratamento idealmente é realizado por uma equipe de profissionais (médicos, psicólogos e nutricionistas) especialistas em transtornos alimentares que usam várias técnicas diferentes ao mesmo tempo para ajudar o paciente e sua família, tais como terapia cognitivo-comportamental, terapia nutricional, terapia psicodinâmica, orientação aos pais e medicações. No Brasil, esse acompanhamento multidisciplinar é mais comumente encontrado em algumas instituições públicas com serviços especializados para tratamento de transtornos alimentares para adultos e para crianças e adolescentes. Em outras situações, seja por questões financeiras ou até regionais, o paciente e seus pais contarão com um tipo de profissional especialista, como nutricionista ou psiquiatra. Isso não significa que o tratamento falhará. O profissional especialista deve coordenar o tratamento sozinho ou com os outros colegas, assegurando que estão sendo utilizadas as técnicas necessárias para uma boa evolução e indicando outros especialistas, de acordo com a necessidade do paciente e do momento do tratamento.
O tratamento da BN depende, principalmente, do trabalho conjunto da equipe multidisciplinar e dos pais ou responsáveis pelo paciente, que precisam participar ativamente e executar em casa as condutas combinadas. O paciente terá muita dificuldade de seguir os combinados no início do tratamento e precisará de ajuda. Equipe e pais devem se unir contra a BN, ajudando o paciente a desobedecê-la através da alimentação reorganizada e adequada e evitando comportamentos compensatórios.
O que define o papel dos pais no tratamento é a gravidade da doença, as condições do paciente de aceitar o tratamento e a idade do paciente. As tarefas dos pais ou responsáveis no tratamento dependerá da fase de desenvolvimento do seu filho, indicando se eles agirão mais ou menos. Mesmo que o seu filho seja um adulto, com certeza existem cuidados que só você poderá fazer. Assim, pergunte ao especialista que está acompanhando-o a melhor forma de contribuir.
Lembre-se: junte-se a equipe e siga os combinados!
Os objetivos principais do tratamento da BN são organizar os horários das refeições de 3 em 3 horas, consumir as quantidades de alimentos adequadas em cada refeição, voltar a comer todos os tipos de alimentos, eliminar as compulsões e excluir todos os comportamentos compensatórios, como os vômitos e exercícios físicos excessivos.
Todas essas mudanças são difíceis, demoradas, feitas aos poucos e com a colaboração do paciente e dos pais. Assim, prepare-se para uma tarefa complexa!
Frequentemente, o paciente aceita o tratamento para eliminar as compulsões e os vômitos. Assim, terá bastante resistência a reorganização alimentar e a interrupção dos comportamentos compensatórios, porque ainda quer controlar o seu peso e acredita que essas mudanças farão com que engorde.
Lembre-se: por mais difícil que seja, a vida do seu filho vale a pena!
Não existe remédio, pílula, específico para a BN. O uso de medicações é indicado, em geral, apenas em duas situações. A primeira, refere-se à existência de um outro transtorno psiquiátrico junto com a BN, como depressão, que precisa ser tratado com medicamentos. A segunda situação é de permanência das compulsões e/ou vômitos, apesar de uma alimentação organizada e sem restrições alimentares, bem como grande esforço para interromper os vômitos. Ou seja, o paciente e sua família estão seguindo completamente as orientações do tratamento por algum tempo e ainda há compulsões ou vômitos. Em crianças e adolescentes, é muito raro a utilização de medicações para isso. Em geral, o seguimento das orientações nutricionais e comportamentais consegue inibir as compulsões e os vômitos.
Lembre-se: a reorganização da alimentação e a evitação dos comportamentos compulsivos e compensatórios são o principal remédio contra a BN.
Ao longo do tratamento, seu filho passará por diversas fases. Simplificando, as principais fases são:
Como o tratamento da BN é bastante difícil, provavelmente o paciente passará por vários momentos de desespero, de descontrole emocional e de tentativas de desistir de tudo. Ele pode até apresentar comportamentos mais agressivos contra outras pessoas (morder, chutar, bater) ou contra ele mesmo (bater a cabeça na parede, se arranhar, se cortar). Em casos mais intensos, os adolescentes podem até ameaçar de se matar.
O importante é tentar manter a calma e lembrar que o motivo de tanto sofrimento é a BN e que o tratamento é a única forma de ajudar seu filho. Fale sempre aos profissionais que estão cuidando dele e peça orientações.
De forma geral, é importante que o paciente fique acompanhado de responsável, principalmente durante e após as refeições. Evite que ele fique sozinho numa parte da casa, tire as chaves das portas para que ele não se tranque num cômodo. Fique perto dele nessas horas difíceis nem que seja para ficar em silêncio, atento. Ás vezes, tentar conversar nessa situação de descontrole não ajuda. Esses momentos sempre acabam passando. Não permita que, de forma alguma, ele se machuque ou machuque alguém. Depois, tente distraí-lo com atividades que sempre lhe deram prazer.
Em situações em que a alimentação está extremamente caótica, que as compulsões e os comportamentos compensatórios estão muito frequentes e colocam o paciente em risco e/ou o paciente não está conseguindo se ajudar, o profissional especialista pode indicar uma internação domiciliar. Quando o paciente está gravemente tomado pela BN, até na escola ou no trabalho ele tem compulsões ou comportamentos compensatórios. O objetivo da internação domiciliar é proteger o paciente e evitar que precise de uma internação hospitalar. Ela garante que o paciente esteja cuidado pelos responsáveis permanentemente, voltando a se alimentar adequadamente e evitando os comportamentos compulsivos e compensatórios. Outras vantagens da internação domiciliar são:
É fundamental que a família receba orientações específicas e apoio dos profissionais especialistas para conduzir adequadamente essa modalidade de tratamento.
De uma forma geral, a cura da BN é o paciente não obedecer mais aos seus pensamentos, a vontade de emagrecer e a distorção e a insatisfação da imagem corporal. Aos poucos, a doença vai ficando cada vez mais fraca, a ponto de nem aparecer por longos períodos de tempo. Como um aparelho eletrônico, a BN até liga sozinha, mas o paciente e sua família podem desligá-la. Para desligar a BN, basta não lhe obedecer de jeito nenhum! Assim, ela não volta a ganhar força e a atrapalhar a vida do seu filho novamente.
Especificamente, o paciente precisa alcançar os seguintes objetivos para curar da BN:
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